Tua feição, menino,

É um baralho cigano

Que goza qualquer

Tentativa de vitória.

Tua voz é surda;

Plana, macia como a grama.

Pesada, presente como o céu.

O som dela escapa

Às tuas retinas nebulosas.

Pois a boca, ela mesma,

Existe somente para adornar

O meu pescoço.

Desse teu corpo

Fora do lugar

Nada sobra ao meu muro

Senão a vista do abismo,

Que criou-se entre nossos mundos;

Horizonte dos tijolos esfarelados

Pelo bombardeio do teu desejo.

Emanuelle Anastassopoulos
Emanuelle Anastassopoulos

Written by Emanuelle Anastassopoulos

Escrevo o que me sussurram. No BS é @manuanasta.bsky.social

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