Ponte da Saudade

Vem-me lampejos de ti,

se apago a luz para dormir.

Sei do gosto da ida saliva na boca,

se limpo-a com escova.

Cotidiana lembrança me invade;

pétrea, que às ondas do tempo não erode.

A amizade dos casais nos parques;

cheiro da Guanabara; fétida saudade.

Sem querer-te, nem sentir-te,

assusto-me com a sombra

que pelas costas me ronda;

vulto sintético da dua silhueta.

Se as rugas das tuas unhas

estão me ainda intrínsecas,

tu, distando, és o culpado.

Pois invoca-me em memória

pelas manhãs, sem ter-me ao lado.

Também esperanço; mentalizo e te alcanço.

Apaixonada telepática, reflito em ti.

Minto que temo a permanência deste sobressalto,

rezo para quem outrora assombrou-me em carne;

liberte meu espírito, esqueça-me, não o rogue.

Sign up to discover human stories that deepen your understanding of the world.

Free

Distraction-free reading. No ads.

Organize your knowledge with lists and highlights.

Tell your story. Find your audience.

Membership

Read member-only stories

Support writers you read most

Earn money for your writing

Listen to audio narrations

Read offline with the Medium app

Emanuelle Anastassopoulos
Emanuelle Anastassopoulos

Written by Emanuelle Anastassopoulos

Escrevo o que me sussurram. No BS é @manuanasta.bsky.social

No responses yet

Write a response